terça-feira, 24 de agosto de 2010

Arquitetura Industrial!

por abilio nascimento - arquiteto urbanista


É fato que a transição da sociedade renascentista de modelo feudal baseada ainda na produção rural, para a sociedade industrial se deu de forma definitiva, rápida e transformadora. Mas qual foi o papel da arquitetura nesse processo?

Desde as apresentações das máquinas à vapor no século XVIII a arquitetura estava lá, seja na utilização dos espaços para as apresentações ou, em ultima análise, na elaboração da própria máquina ou arquitetura não é, por definição, arché = primeiro + tékton = construção?

Mas de forma mais direta e incisiva grandes projetos urbanísticos como zonas fabris e distritos industriais vieram na forma de “Aldeias Industriais Modelo”, Falanstério de Fourier e cidade industrial de Tony Garnier, são exemplos típicos dessas intervenções utópicas.

Estes projetos são resposta ao caos urbano que as recentes cidades européias, em especial na Inglaterra, estavam sofrendo com o inchaço da população, total falta de saneamento e controle do crescimento em todos os aspectos urbanos. Já podiam ser vistos nestes projetos preocupações com zoneamento, áreas especificas para cada função, separação das zonas fabris do resto da cidade com faixas de parques.

A preocupação especificamente com o objeto arquitetônico vem, principalmente com o fordismo e posteriormente com o taylorismo, pois estes eram métodos de organização da linha de montagem, o que proporcionava rápidos ganhos de produtividade dando aos países onde o fordismo dominou também a hegemonia econômica a partir da segunda guerra mundial e obrigava ás grandes industrias a adaptarem sua planta ao modelo de podução vigente, espaços onde era possível a locação dos maquinários em linha, conforme o fluxo entrada de matéria prima, produção e saída do produto acabado.

Esta idéia se refletia nas funções atribuídas a cada funcionário fazendo com que a linha de montagem fosse acoplada à esteira rolante, não permitindo deslocamento dos trabalhadores e mantendo o fluxo continuo e progressivo das peças e partes, permitindo redução dos tempos mortos, como conseqüência o trabalho nessas condições torna-se repetitivo, parcelado e monótono.


fordismo


Com o aumento da educação dos operários este sistema totalmente mecanizado de produção se tornou um paradoxo a partir dos anos 1960 e culminando em crises econômicas mundiais dos anos de 1980 ocasionadas pelos países altamente industrializados, EUA e Grã-bretanha, que encorajavam os NIC’s (países de industrialização tardia), a se endividarem e ampliarem sua produção fabril com preços cada vez mais baixos da mão-de-obra operária, aumento das taxas de juros para conseguir competitividade no mercado internacional.

O nítido não-engajamento proporcionado pelo sistema fordista de
produção gerou revoltas que só podiam ser contornadas, dentro da
lógica fordista, por meio de um aumento da automação, surgindo assim a revolução eletrônica.

O uso do microprocessador e das interfaces eletrônicas proporcionaram maior flexibilidade dos equipamentos mantendo a padronização e operação continua na produção mas não necessariamente de um mesmo produto. O processo de gestão também torna-se inovador no que tange o uso do computador para gerir em tempo real todas as etapas do processo (Just in time), possibilitando o relacionamento entre seções de um mesmo estabelecimento ou entre estabelecimentos de uma mesma firma ou subcontratadas.

As transformações na produção industrial com base nos avanços tecnológicos caracterizou um novo papel da industria na produção do espaço de trabalho, desindustrialização e internacionalização da mão-de-obra. São reflexos destas transformações a busca por indivíduos cada vez mais intelectualizados, tornando imprescindível o domínio das novas tecnologias.

Estamos vivendo a sociedade do conhecimento, estas foram algumas rápidas pinceladas sobre como ocorreu e esta ocorrendo a transição da sociedade industrial para a do conhecimento, que é um fenômeno global. Surgem parques tecnológicos que ajudam a dinamizar o desenvolvimento de uma região criando novos espaços de alta tecnologia originários da associação entre a revolução microeletrônica e a organização flexível.

No chão de fabrica das industrias há o uso de máquinas comandadas por computador, há o conceito de industria limpa, separação e reuso de resíduos. Diferentemente do sistema fordista de produção o conceito flexível de produção se apropria de três princípios básicos de produção. O processo funcional é caracterizado pela organização dos equipamentos do mesmo tipo na mesma área e também operações ou montagens semelhantes são agrupadas na mesma área. O layout em linha é a disposição dos equipamentos ou estações de trabalho de acordo com a seqüência das operações e são executadas de acordo com a seqüência estabelecida sem caminhos alternativos. O processo de layout celular é o condicionamento de diferentes maquinas num só local (célula) de forma que possam fabricar o produto inteiro.


Valeo - GCP Arquitetos e o norte-americano Davis Brody Bond Architects



O ideal é mesclar os diferentes tipos de processos tornando a planta o mais flexível possível de forma a atender as diferentes demandas do mercado.

O papel do arquiteto na concepção de um projeto industrial contemporâneo é de tornar possíveis as diferentes funcionalidades propostas pelo programa especifico de cada produção e dar a primeira impressão da marca produzida. Deve tomar partido da localização por vezes privilegiada de grandes rodovias onde a marca do fabricante estará exposta para milhares de pessoas.

Deve também estudar a logística do transporte para melhor adequação da implantação dos edifícios. Outro aspecto importante é o uso dos materiais, alguns são característicos desse tipo de edificação, metal e concreto por exemplo, difundido por todo o período de desenvolvimento industrial, outros como o vidro, evidência o processo produtivo tirando o aspecto sujo e distante que o chão-de-fábrica por vezes povoa o inconsciente coletivo e tira proveito da automação como aspecto tecnológico das indústrias, muito bem explorado nas montadoras de automóveis.

Dos grandes parques tecnológicos vem o conceito de parque atribuído para cada fábrica, que cria caminhos interessantes com grandes áreas verdes entre um edifício e outro, proporciona áreas reservadas dos possíveis ruídos gerados pela produção minimizando o impacto do trabalho nestes ambientes.

Desta forma a preocupação é, não somente com a produção, mas também com o bem estar dos trabalhadores. Para isso a arquitetura corporativa cria, como dito, espaços de trabalho e inclusive áreas de convivência e lazer dentro do espaço de trabalho ou mesmo possibilitando que os funcionários trabalhem em suas próprias casas, mas...morar e trabalhar é uma outra história.



Fabrica da Natura - arquiteto Roberto Loeb











2 comentários:

  1. parabéns pela matéria.
    Gostaria de encontrar artigos sobre arquitetura em sistemas de Saneamento Básico.

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